História - O melhor do bairro de Luzia, Aracaju, SE

Cidade do Aracaju, esse é o verdadeiro nome de nossa cidade, citado na Resolução n. 413 de 17 de março de 1855, que diz:
“Fica elevado à categoria de cidade o povoado Santo Antônio de Aracaju, na Barra do Cotinguiba, com a denominação de Cidade do Aracaju”.
Para muitos soa com estranheza ouvir “Cidade do Aracaju”, talvez porque estamos mas habituados a ouvir “a Cidade de Aracaju...”, ou simplesmente, “Aracaju”. E o que significaria a palavra Aracaju?
Pensamos normalmente no jogo de palavras:

Ara + Caju       –>     Arara (ou papagaios) + Caju (fruto do cajueiro)

No entanto, por ser uma palavra de origem tupi o verdadeiro significado é outro:

Ara = nascer             Caju = fruto do cajueiro       =>        Lugar dos Cajueiros

 

* Saiba mais no livro: CABRAL, Mario. Roteiros de Aracaju. Aracaju: Regina, 1948.


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Emanuela Willianes da S. Santos¹


No início do século XIX as mercadorias produzidas em Sergipe, tinham que ser enviadas para a Bahia para em fim serem exportadas, e com isso os produtores sergipanos sofriam com as taxações baianas. Deste modo, a uma necessidade de buscar uma via de escoamento das mercadorias dentro do próprio território sergipano, e assim resolve-se criar uma cidade numa localização estratégica onde possibilita-se a via de escoamento desses produtos através do rio Sergipe, surge o povoado de Santo Antônio de Aracaju (FRANÇA; CRUZ, 2007).

Inicialmente criado, o povoado de Santo Antônio de Aracaju sobre uma colina, percebeu-se que “a necessidade econômica esbarrava no dilema de como ocupar e urbanizar aquele local, que se concentrava inicialmente em uma colina” ². Partindo deste dilema, resolve-se então urbanizar a planície próxima a esta colina, nas margens do Rio Sergipe. ³

Diferente da formação da grande maioria das cidades, naquele tempo, que surgiam de forma espontânea, à formação da cidade de Aracaju é resultado de um projeto, o qual nos esboços de Sebastião José Basílio Pirro, por volta de 1855, desenha os traços das ruas em linhas retas, umas perpendiculares a outras em formas simétricas, lembrando um tabuleiro de xadrez, conhecido como o “Quadrado de Pirro”, com frente ao rio Sergipe. Segundo Vilar (2006, p. 47; 48) a formação da cidade de Aracaju foi projetada, no entanto não foi planejada, já que “planejar é preparar para o futuro”.

O crescimento da cidade de Aracaju segue por quase todo o seu território atual o modelo do plano de quadrículos, tendo algumas alterações no tamanho das ruas como certas inclinações, mas no geral o projeto de Pirro ainda é percebido nessas novas configurações. “A linha reta e o tabuleiro de damas viraram tabu” (Porto apud Vilar, 2006, p. 48). “Quase toda a cidade recebe essa forma geográfica.” (VILAR, 2006, p. 48).

A formação dos bairros em Aracaju teve esta conotação, onde Campos (2006, p. 234) dá destaque a esta política de habitacional do Governo, como também ao surgimento da Companhia de Habitação de Sergipe (COHAB/SE) e do INOCOOP/BASE, “que tinham como finalidade básica promover a construção de habitações sociais públicas individuais ou coletivas, visando resolver os problemas de moradia na capital e também no interior do Estado de Sergipe.”

Deste modo, percebe-se que os principais agentes modeladores do espaço urbano são o Estado e os promotores imobiliários, esses que zoneiam o espaço urbano em áreas de habitação, trabalho, circulação e lazer.

O bairro Luzia tem sua formação inicial relacionada à produção de habitações populares pela COHAB-SE, com a criação especificadamente dos conjuntos Médici I (1971), II (1974) e III (1984) e o conjunto João Andrade Garcez (1983).

Em seu trabalho, Campos (2006) apresenta tabelas informando sobre as construções de habitações populares feito pela COHAB em Aracaju, entre os anos de 1968 até 2002, totalizando 20.579 residências. Para ele, “estas construções contribuíram para o alargamento da periferia em várias direções”.
 

¹     Turismóloga e atualmente mestranda em Direção e Consultoria Turística, pela Universidad de León.

²  Fragmento retirado de uma entrevista com a professora Vera L. A. França no site http://www.aracaju.se.gov.br/154anos/index.php?act=leitura&codigo=7. 
³      Idem


BIBLIOGRAFIA:

CAMPOS, Antonio Carlos. A Construção da Cidade Segregada: o papel do Estado na urbanização de Aracaju. In: O Ambiente Urbano: visões geográficas de Aracaju. São Cristóvão/SE, Editora UFS, 2006.

FRANÇA, V. L. Alves; CRUZ, M. T. Souza (coord.). Atlas Escolar Sergipe: espaço geo-histórico e cultural. João Pessoa, PB: Grafset, 2007.

VILAR, José Wellington C. Evolução da Paisagem Urbana do Centro de Aracaju. In: O Ambiente Urbano: visões geográficas de Aracaju. São Cristóvão/SE, Editora UFS, 2006.