História - O melhor do bairro de Barra, Salvador, BA

História

Barra - Segredos do lugar onde Salvador começou
A imagem do Farol da Barra talvez seja, ao lado do Elevador Lacerda, uma das mais conhecidas em Salvador.
Mesmo quem nunca esteve na capital baiana é capaz de identificar, em uma foto de cartão postal, o monumento e sua localização. E se a Bahia começou em Santa Cruz de Cabrália, Salvador nasceu na Barra.
Foi aqui que o navegador Américo Vespúcio descortinou, em 1501, a Bahia de Todos os Santos. A posse foi oficializada com a colocação do marco da coroa portuguesa, onde hoje estão localizados o Forte e o Farol da Barra. A vocação turística de Salvador já se fazia presente naquele momento.
Foi também nessa estreita faixa de areia banhada por mar de águas mansas, que a contracultura se instalou nos anos 70, com a descoberta do local por parte de hippies e tropicalistas. Pedaço disputado por turistas e moradores da cidade no Verão baiano, ao todo, a Praia da Barra tem pouco mais de 200 metros de praia, delimitada por dois fortes coloniais, ostenta o apelido de charme de Salvador, daqui que pode ser visto um pôr-do-sol de encher os olhos nos fins de tarde de Verão.
O chão da Barra também um dos mais concorridos trechos do Carnaval de Salvador.

É o bairro de Salvador imortalizado nas canções de Caetano Veloso, um dos bons freqüentadores do pedaço desde os tempos áureos. “Point da paquera,” já dizia o baiano na canção:
"Domingo no Porto da Barra, todo mundo agarra, mas não pode amar".
São quase duas praias, de tão diferentes. De um lado, o Porto da Barra é uma enseada de águas calmas e cristalinas, que fazem do trecho o mais famoso banho de mar da cidade. A praia do Farol da Barra sinaliza o começo da Baía de Todos os Santos, é o mais recomendado ponto para apreciar o pôr-do-sol de Salvador. Ao contrário da praia do Porto, no Farol o mar é forte e com ondas excelentes para surfistas. Em todo o pedaço estão instalados dezenas de bares, restaurantes, hotéis, casa de shows e outros atrativos para o turista.
O mar esconde ainda segredos e tesouros do litoral de Salvador. Estão abrigadas no fundo do oceano dezenas e dezenas de embarcações naufragadas, um paraíso para mergulhadores. A três milhas da praia do Farol, no local conhecido como banco de Santo Antonio, dorme o navio grego Cavo Artemidi, numa profundidade mínima de nove metros e máxima de 30 metros. Já o navio "Cabo Frio" naufragou há 80 anos em frente ao Farol da Barra, a ¼ de milha da costa. Mais além na mesma direção, estão destroços do navio Bretanha, conhecido também como "Navio de Dentro". Para completar a paisagem submarina, em frente ao Porto da Barra podem ser encontrados belíssimos recifes de corais.

Forte e Farol

O Forte de Santo Antônio da Barra foi instalado nessa paisagem apenas 34 anos após o descobrimento do Brasil. A fortaleza, também conhecida como Vigia da Barra e Forte Grande, foi construída no começo do século XVI, em uma posição estratégica para guarnecer a Baia de Todos os Santos. Naquele época, no ano de 1598, a tradição era de que todas as praças de guerra fossem dedicadas a um santo, que protegeria o local do alcance da artilharia inimiga. O primeiro registro oficial de que Santo Antônio foi o eleito para o abençoar o forte da Barra data de 1705, quando o governador Dom Rodrigues da Costa expediu ordem dirigida ao provedor-mor da Fazenda Real do Estado para que assentasse praça de capitão ao Santo Antônio da Barra. A curiosidade é de que, como soldado, o santo tinha ainda direito a um soldo, que seria pago ao síndico do Convento de São Francisco. Em setembro de 1810 o santo foi promovido ainda ao posto de major e a tenente-coronel em novembro de 1814.
Nos primeiros séculos, o Forte era apenas uma trincheira montada em terra socada, feito de areia e taipa, pedra e cal. Na época da invasão holandesa, na primeira metade do século XVII, o Forte foi reformado pelos portugueses. A parede de defesa na Barra foi reforçada ainda com a construção dos outros dois fortes, o de Santa Maria e o de São Diogo. O Farol foi acrescentado à estrutura original do forte no final do mesmo século, para orientar os navios que entravam na Bahia de Todos os Santos, missão que é cumprida até hoje. Instalado sobre uma torre de alvenaria a 37 metros acima do nível do mar, o Farol do Forte de Santo Antônio da Barra foi o primeiro farol de todo o continente americano.
Na transição entre os séculos XVII e XVIII, o Forte de Santo Antônio da Barra recebeu a forma irregular de estrela, com quatro faces reentrantes e seis salientes. Era a nova linha de arquitetura militar portuguesa. Outras modificações no ano de 1937, quando foi concluído o serviço de eletrificação do Farol, sendo retirada a instalação incandescente a querosene. Hoje o alcance luminoso é de 70 Km para a luz branca, e 63 Km para a luz encarnada. Mais recentemente, uma reforma do Forte permitiu a criação do Museu Náutico da Bahia e também de um café.

Museu Náutico

Instalado no Farol da Barra, o Museu Náutico da Bahia guarda histórias e lembranças de navios naufragados na costa baiana. Além de museu, é um espaço de transmissão de conhecimentos relacionados à Hidrografia, Sinalização Náutica e Cartografia da Baía de Todos os Santos. A administração é do Departamento Regional do Abrigo do Marinheiro de Salvador. O Museu mostra aos visitantes o acervo de instrumentos utilizados pelos navegantes de hoje, bem como réplicas dos modelos utilizados a partir do século XV. As visitas podem acontecer de terça a domingo, das 9h às 19h. O telefone de contato é (71) 264-3296 e 331-8039.
* "O mar tranqüilo como um lago banha, à direita, o áspero promontório sobre o qual se alevanta o farol da Barra, cingindo-o de um sendal de espumas. Em frente avulta a cidade, derramando-se, compacta, sobre imensa colina, cujos pendores abruptos reveste, cobrindo a estreita cinta do litoral e desdobrando-se, imensa, do Forte da Gamboa a Itapagipe, no fundo da enseada"

(Euclides da Cunha)