História - O melhor do bairro de Vila Mathias, Santos, SP

 

Mathias, Ana Costa, Carvalho de Mendonça e Cesário Bastos

Muitas das ruas e edificações da Vila Mathias não estão unidos apenas pelo fato de estarem localizados no mesmo bairro. O bem sucedido empresário português Casimiro Alberto Mathias, que empresta o nome ao bairro, deixou sua esposa, a dona Ana Costa, de luto, no dia 8 de maio, quando foi assassinado, com um tiro na testa, resultado de uma disputa por terrenos. O advogado da família Mathias foi Carvalho de Mendonça. E os réus foram defendidos por Cesário Bastos, que ganhou a causa.
 

Até as décadas de 60 e 70 o bairro era considerado estritamente residencial e, atualmente, embora seja um dos maiores do Município, com uma área de 148 hectares, tem um número de habitantes que não ultrapassa 15 mil pessoas.
A Vila Mathias atual, em constante transformação, caracteriza-se pelo comércio de revendas de automóveis e autopeças, tintas, material de construção e móveis. O setor educacional também se firma como uma forte tendência. Lá funcionam duas instituições de ensino: o Centro Universitário Monte Serrat (Unimonte) e um campus da Universidade Católica de Santos (UniSantos), além de estar em fase de implantação uma unidade da Universidade Paulista (Unip).
As principais ruas do bairro são: Brás Cubas, Lucas Fortunato, Júlio Conceição, Avenida Senador Feijó e partes das avenidas Rangel Pestana e Ana Costa. Porém, a expansão das atividades comerciais, não extinguiu as características residenciais do lugar, marcado por casarões e sobrados.
A Vila Mathias fica numa área central e tem seus limites nas ruas Joaquim Távora, Xavier Pinheiro e Manoel Tourinho; avenidas Rangel Pestana e Campos Salles; trechos das avenidas Bernardino de Campos e Waldemar Leão; além da Avenida Cláudio Luís da Costa.

Nome do bairro homenageia empreendedor português

O nome do bairro é uma homenagem a Mathias Casimiro Alberto Costa, um português bem sucedido, radicado em Santos, que possuía muitos terrenos, sendo que vários deles foram doados à Prefeitura para a abertura de ruas. Mathias Casimiro foi comissionário de café, membro da Associação do Teatro Guarani, diretor da Associação Comercial, Clube XV e Beneficência Portuguesa. Dirigiu a firma Mathias Costa e Santos e foi diretor-presidente da Empresa de Bondes da Vila Mathias.
No dia 1º de julho de 1887, quando o sistema de iluminação da região era mantido, não por energia elétrica, mas à base de gás, Mathias Costa integrou seu nome à história santista: inaugurou o serviço de bondes, puxados a burros, do Centro à Vila Mathias, no início da Avenida Ana Costa.
No entanto, o dia do bairro não é comemorado nessa data, e sim em 14 de abril, quando foi inaugurado, em 1889, as novas linhas de bondes, que ligavam a Vila à Barraca (hoje bairro do Gonzaga).
Mathias Costa morreu em 8 de maio de 1889, assassinado com um tiro na testa, por causa de uma discussão por posse de terra, quando media um terreno que serviria para a abertura da atual Avenida Ana Costa, cujo nome é uma homenagem à sua esposa.

Serviços

A região é bem servida de transporte público. Lá a Prefeitura mantém os seguintes estabelecimentos de ensino: Emei Eunice Caldas e Creche Candinha Ribeiro de Mendonça. Na região ficam ainda os colégios Cesário Bastos, Anglo Americano e Liceu São Paulo. Toda terça-feira também acontece uma feira livre, na Rua Prudente de Moraes.
Na Júlio Conceição, 102, funciona a Policlínica da Vila Mathias. Tem ainda o Policentro de Saúde Martins Fontes e o Craids - Centro de Referência em Aids, na Rua Luíza Macuco, 40 ; e a Central de Atendimento a Crianças e Adolescentes, da Secretaria de Ação Comunitária, na Rua Júlio de Mesquita, 78.
Para a dona de casa Jacinta de Jesus Paiva, moradora da Vila Mathias, há 27 anos, “a vizinhança é agradável, o transporte funciona, tem várias farmácias, além disso a policlínica também é muito boa”. Ela só lamenta o fato do bairro estar se tornando muito comercial. “Os vizinhos, aos poucos, estão se mudando”.

Pólo gerador de cultura

Na Vila Mathias, à Avenida Pinheiro Machado, 48, situa-se o Centro de Cultura Patrícia Galvão, sede da Secretaria Municipal de Cultura de Santos (Secult), que também abriga o Teatro Municipal Brás Cubas, com 544 poltronas, projetado pelos arquitetos Oswaldo Corrêa Gonçalves, Abrahão Sanovicz e Júlio Katinsky e inaugurado em 26 de janeiro de 1973; o Teatro de Arena Rosinha Mastrângelo; o Museu da Imagem e do Som de Santos, com um riquíssimo acervo de fitas de vídeo, discos de vinil e Cds; a Hemeroteca Roldão Mendes Rosa, com um acervo de quase 40 mil exemplares de jornais, alguns datando de 1850, além de grande material didático para consulta e pesquisa escolar; e ainda duas movimentadas galerias de arte, a Patrícia Galvão, no 3o piso e a Brás Cubas, no 2º . Também fazem parte do Centro de Cultura, o Espaço Juan Serrano, conhecido como “Queijo” e o Deck Miroel Silveira, locais alternativos de apresentações artísticas.
O Centro de Cultura Patrícia Galvão oferece 35 cursos gratuitos, nas áreas de dança, artes plásticas, teatro e música, para cerca de 5.500 alunos de várias faixas etárias.

Restaurante é tradição no bairro

Também é na Vila Mathias que se encontra um dos mais tradicionais restaurantes de Santos, o Almeida, na esquina das avenidas Rangel Pestana e Ana Costa, famoso, especificamente, pelo caldo-verde. Já teve nomes como Bar dos Motorneiros, Casa do Compadre e Casa do Capitão Belarmino.
Mas só em 1932 é que passou a se chamar Almeida. Desde 1978 o restaurante é comandado por Jayme Muniz Pereira, português, 78 anos. “Sou um santista por adoção. Estou aqui desde os 8 anos de idade”. Entre as pessoas ilustres que já passaram pela casa, ele destaca vários políticos, como o governador Mário Covas, no ano passado, em uma de suas últimas visitas a Santos; as cantoras Elis Regina e Eliana Pitman; os humoristas Chico Anísio e Ary Toledo; o cantor Cauby Peixoto; os atores Maitê Proença e Alexandre Borges; além da Banda Barão Vermelho, desde os tempos do vocalista Cazuza, relembra.
Porém “seo” Jayme diz que o estabelecimento, que funciona também de madrugada, desde a época da estação de bondes, já viveu tempos áureos,
quando o trânsito, à noite, naquela região, não era tão intenso. “O movimento atual caiu 50%, principalmente por causa da dificuldade de estacionamento”.

Curiosidades

A Vila Mathias foi local de muitos campos de futebol, como os da União Paulista, 13 de maio, 1º de Maio e Aliança Atlético Clube. Foi lá também que morou, na Avenida Senador Feijó, a primeira Miss Brasil, Maria José Leone, a Zezé Leone. A primeira cervejaria da Cidade, a Brás Cubas, também se localizava no bairro, na esquina da Senador Feijó com a Júlio de Mesquita.
 

Fonte: Diário Oficial de Santos